Alma,

Não esqueço jamais do sorriso do zeide ao pousar seus olhos marejados sobre o Danúbio.

Naquele início de manhã, o famoso rio que nunca vira azul, parecia uma pincelada de um pintor renascentista numa tela de absoluto branco. Um traço largo de um celeste carregado de óleo de linhaça, rasgava o pastel das paredes que se debruçavam sobre as margens.

Sentados lado a lado, ouvi histórias tantas vezes contadas, só quessa vez, ele me apontava cada rua, cada marco, cada praça das histórias de minha infância.

Adoro Budapest, principalmente sua gente linda e risonha... gosto de seu inverno branco, de ventos frios e bater de dentes. Amo sua primavera multicor, seus olhares insinuantes e suas ruas sempre perfumadas, não sei de que, mas tem um perfume ali. Pode ser de minha imaginação. Só sei que sinto e que gosto.

Pela primeira vez na minha vida, me senti mais húngaro que brasileiro e confesso que hoje, sinto saudade de Budapest, com a mesma intensidade com que sinto de Curitiba.